22 outubro 2012

Kristen e Kirsten Dunst falam sobre como trouxeram “On The Road” à Luz dos Holofotes

Confiram a entrevista na qual Kristen Stewart e Kirsten Dunst falam sobre o desafio de estar em “On the Road” e sobre suas personagens.


Para muitos, “On The Road” é principalmente um para os garotos. A obsessão de Jack Kerouac pelo vagabundo egoísta e hedonista Neal Cassady domina o livro, com personagens femininos ao banco de trás, objetos descartáveis que flutuam para dentro e para fora do conto.

Esse é um jeito de se ver. Mas para o diretor, Walter Salles, os personagens femininos do livro, especialmente aquelas baseadas nas mulheres sofridas de Cassady, são as “heroínas silenciosas” da história. Assim, ele tem um elenco com as atrizes mais procuradas de Hollywood (Kristen Stewart e Kirsten Dunst) para interpretá-las.

Stewart é a Marylou, a versão do livro da primeira mulher de Cassady, LuAnne Henderson, que se juntou a Cassady e Kerouac em suas viagens pela America; Dunst é Camille, também conhecida como CarolynCassady, que ficou em casa com seus bebês em San Francisco. O Cassady revesou entre as mulheres, dormindo com Carolyn enquanto era casado com LuAnne, mantendo LuAnne como amante depois do seu divórcio para ficar com Carolyn. O Kerouac se esforçou um pouco para dar a essas amigas profundidade e dignidade nas páginas; o filme tenta remediar essa situação.A proeminência de Stewart na promoção do filme se reflete naquela intenção e no perfil da estrela de Crepúsculo. A atriz de 22 anos também é uma fã surpreendetemente apaixonada pelo livro.

“On The Road” estava na lista de leitura no meu primeiro ano do colegial e graças a Deus eu o escolhi”, ela lembra. “Pareceu muito mais divertido do que todos os outros. Eu sabia que era sobre contracultura, e quando você tem 14 anos e coloca sinais ridículos de anarquia na sua mochila, é por isso que você se atrai“.

“Você sabe, eu sou de Valley. Eu venho de uma família muito confortável, muito feliz, mas do tipo que você se torna preguiçosa e complacente. Então, quando eu li On The Road, pensei: eu tenho que achar pessoas como essas, que vão me desafiar, que não se comprometem ao seus desejos, mesmo se eles são diferentes da norma. O livro realmente me mostrou como eu queria viver“.

Nesse inconformismo, ela pensa no seu personagem tanto quanto no homem. “Eu amo Marylou. No livro ela é divertida, sexy, vívida, ela é progressiva para seu tempo. Ela pula da página e te dá um tapa na cara”.

Ela admite ao mesmo tempo que “não é um livro sobre as garotas, elas estão do lado de fora da coisa“, e que ela teve que se afastar da história para encorporar o personagem. Ela conheceu a filha de LuAnne Henderson, Anne Marie Santos, que “me ajudou a desenvolver sua mãe, me conectar com ela como uma pessoa real”, e escutou as entrevistas de LuAnne por horas, feitas pelo biógrafo de Kerouac, Gerald Nicosia, que se mostrou reveladora.

“Do nada, LuAnne teve uma voz e nós nos apaixonamos completamente por ela. Diferente dos garotos, ela não estava se rebelando contra nada, ela estava só sendo ela mesma, sendo a pessoa que ela amava. Para mim, conhecer essa mulher deixou muito mais fácil evitar a caricatura de objero de sexo. LuAnne nunca se fez de uma comodidade. E ela é uma ligação importante entre os garotos; é uma grande declaração a fazer, mas a aventura não poderia ter acontecido sem ela“.

Dunst, 30, lembra de uma atitude diferente quando ela leu o livro pela primeira vez. “Eu me atraía mais às escritoras femininas quando eu era mais jovem – Sylvia Plath, Jane Austen, Eu amava a poesia de Edna St Vincent Millay -. Eu só li “On The Road” porque era o livro preferido do cara que eu gostava. Eu meio que li para ser legal. Mas eu era muito nova, 16 anos, eu não o entendi direito [livro]“.

Dito isso, ela entrou no filme porque “ele é um dos maiores romances na história da América, então é claro que você quer ser uma parte dele”. Além disso, ela leu e sentiu uma grande conexão com as linhas de “Off The Road“, autobiografia de Carolyn Cassady.

“A Carolyn ainda está viva, mora em London. Eu perdi a oportunidade de conhecê-la, mas eu baseei minhas escolhas no livro dela. Naquele período, ela era uma mulher renascentista. Ela tinha um grau mestre em teatro e foi uma mulher realizada e cheia de graça por direito próprimo, mas trabalhou como enfermeira para cuidar de suas crianças“.

“Ela poderia ter feito muito se ela tivesse seguido outro caminho. Mas ela conheceu Neal e se apaixonou por ele, simples assim. Ele era um homem carismático e bonito, e ela se ataiu por ele como todas as outras, como uma mariposa à chama, não importando o quanto ele machucava ela. Acho que foi incrível o jeito que ela vivia por conta própria, criando as crianças por conta própria, mas ainda assim, era generoso o amor que ela tinha por Neal e Jack”.

As duas atrizes tiveram experiências muito diferentes com o filme. Como a isolada Camille, que nunca chegou a vagabundear no Hudson Hornet, Dunst não conheceu os outros atores até algum depois que começaram a filmar; em contraste, Stewart estava imersa no bootcamp que Salles montou em Montreal para ver quem seriam os outros atores e a intimidade que ela desenvolveu com Garrett Hedlund e Sam Riley foi evidente na tela – “On The Road“, nas cenas de dança com Hedlund e nas cenas de amor que podem surpreender os fãs de Crepúsculo.

“O bootcamp foi muito além de apenas pesquisa“, ela diz. “Nós conseguimos nos conhecer tão bem. Garrett, Sam e eu precisávamos nos sentir seguros e ter completa disposição para perder o controle um com o outro. E isso é difícil para mim, eu sou o oposto do meu personagem. Geralmente, eu sou muito consciente de mim mesma, mas eu realmente não ligava quando eu estava com esses caras. Eu vivi mais naquelas quatro semanas do que eu realmente vivo. Essa experiência foi inigualável para mim“.

Apesar de Kerouac ter falhado em fazer justiça a essas mulheres, Stewart e Dunst sentem que o travalho celebrado dele tem algo a dizer para a audiência moderna. “É uma história inspiradora que abre sua mente para outro jeito de viver sua vida, e isso é atemporal“, diz Dunst.


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